“A única diferença entre nós e um buda é que os budas se importam com os outros e nós só nos importamos conosco.” Lama Tsering
Frequentei algumas vezes, há muitos anos, o templo Odsal Ling nos arredores de São Paulo para ouvir os ensinamentos da Lama Tsering. Pois fuçando em cadernetas antigas, encontrei anotações preciosas e partilho essas reflexões aqui.
Perceber-se como “eu” é um hábito que formamos, é instintivo e serve para autopreservação. Percebemos o mundo através do filtro das nossas mentes.
Chamamos isso de “natural”, mas isso não é natural. Natural é o ritmo da Terra, mas a verdadeira naturalidade essencial está além, além da terra, é o natural do absoluto. Nesse absoluto, entendemos que o todo é na verdade vacuidade, o vazio.
O vazio é o grande denominador de todas as coisas. (E aqui lembro da física, que demonstra que o átomo é composto em sua maior parte por espaços vazios)
Para o budismo, a sabedoria é algo muito difícil de se alcançar porque vai contra o instinto. Leva a uma equanimidade, a um preenchimento e à iluminação. Pode parecer uma mesmice, onde não há grandes emoções, mas é a resposta.
Nos identificamos com nossos pensamentos, que rodam incessantemente e disparam diferente emoções e memórias em nós, mas não conhecemos a vastidão do oceano mental. Esse oceano é que se conecta com o todo, com o absoluto.
Esse é o estado que alcançamos durante a meditação – quando esvaziamos a mente (e por isso é tão fundamental essa prática na bruxaria, e na verdade para todo mundo).
Enquanto isso, “seres senscientes estão sendo arrebentados pelo tufão de suas mentes.”
Precisamos nos abrir para incluir todos os seres em nossos corações, não estamos acima dos outros seres vivos na grande teia. A grande prece budista é que todos os seres possam encontrar a completude e aliviar o sofrimento. Para isso meditamos e trabalhamos. Dessa compreensão maior, vem a compaixão e as boas ações.
Precisamos antes de tudo acalmar o mar da mente.