Categoria: práticas

Nosso aliado, o tambor

Uma das práticas mais antigas espirituais e culturais da espécie humana é produzir ritmos em um tambor. Especula-se que o primeiro tambor teria sido um tronco oco de uma árvore, e os primeiros ritmos produzidos, seriam o som das batidas do coração. Esse som é absolutamente reconfortante porque é o primeiro som que ouvimos, ainda no útero de nossas mães.

A união do espírito vegetal (madeira) com o animal (couro) e os efeitos dos sons produzidos no instrumento podem trazer inúmeros benefícios também para nossa sociedade exausta de trabalho e vazio de sentido. Pesquisadores apresentaram uma teoria no periódico Frontiers of Psychology sobre a natureza humana da música. Eles defendem que “nossa habilidade de criar e apreciar música está no centro do que significa ser humano”.

Pitágoras teria sido o primeiro a mencionar a música como algo curativo, mas técnicos de cura pelo som (sound healing) comprovam até hoje o quanto o ritmo pode curar a psique. A batida xamânica que fica entre 4 e 7 batidas por segundo é capaz de alterar as ondas cerebrais e, portanto, os estados de consciência. O som permeia ambos os hemisférios e equilibra o cérebro como um todo – o que é super difícil de conseguir na nossa louca vida contemporânea.

Além de autores como Michael Winkelman, que fala da ecologia neural da consciência e sua relação com a cura, explicarem que o tambor sincroniza as estruturas cerebrais e produz sentimentos de entendimento, integração, certeza e segurança que persistem mesmo depois da experiência sonora, neurologistas vêm estudando os benefícios dessa prática para a saúde. Alguns resultados mostram que participantes de rodas de tambor aumentam suas células T de defesa, que combatem vírus e câncer, e que também têm seus níveis de inflamação reduzidos. Outros benefícios que vêm sendo estudados seria na recuperação de pacientes com Parkinson ou que sofreram AVC.

O grande benefício que a gente sente imediatamente é o quanto essa ferramenta nos possibilita acordar para nosso interior. E esse é o maior presente para quem busca paz e conexão com o Sagrado. Sentir as vibrações das batidas em um djembe, bodhrán, bombo, tabla, taiko ou lakota acorda algo muito ancestral em nós, um reconhecimento que pode alimentar a alma e nos abrir para experiências não só de conforto e pertencimento a esta Terra, mas de transcendência e contato com outros planos.

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O rito da defumação

Queimar uma planta para, com sua fumaça, abençoar ou purificar alguém ou algo é um hábito religioso muito antigo da humanidade. É justamente nas tradições dos povos nativos das Américas onde vamos buscar a inspiração e conhecimento para retomarmos essas cerimônias que aparecem tão presentes na bruxaria, no paganismo, xamanismo e também no movimento new age.

Porém, devido ao abuso e excesso na utilização de certas plantas, está ocorrendo uma depredação sem sentido e colocando algumas espécies em risco, além de aumentar consideravelmente o valor da erva por conta da dificuldade em encontrá-la. Isso está acontecendo principalmente com a sálvia branca, que é nativa dos Estados Unidos, e com o Palo Santo, nativo do Peru. Por isso, precisamos ficar atentos e fazermos um bom uso dessas plantas sagradas e sabermos variar nossa utilização, recorrendo a plantas nativas do nosso território, em busca de opções para trabalhar essa bênção e limpeza através da fumaça.

Para uma defumação eficaz e respeitosa, que nos conecte ao sagrado, podemos seguir alguns passos:

Tome a planta nas mãos e se conecte com o espírito dela. Por espírito, me refiro não só ao que anima e energiza aquela porção que você tem em mãos, mas ao grande espírito da espécie da erva que você quer utilizar. Converse com esse espírito e peça para que desperte e atue com todo seu potencial de cura, purificação e limpeza.

Então ofereça algo de sua energia para o espírito da planta, em geral isso pode ser feito com um sopro seu sobre o punhado que tem em mãos.

Ponha sua mão que segura a erva, resina ou madeira sobre o peito, sobre o centro cardíaco, e faça uma prece pedindo aquilo que deseja obter com a defumação. Faça isso com reverência verdadeira.

Desmanche a tocha de sálvia ou deposite a erva sobre uma concha de abalone, recipiente cerâmico ou defumador que vai utilizar e acenda, de preferência com o uso de fósforos. Se for utilizar uma resina, ponha um disco de carvão já aceso e na base do turíbulo ou defumador para  depositar a resina sobre a brasa.

Utilize suas mãos,  uma pena de ave ou abanilho para abanar a fumaça na direção desejada.

Defume a si mesmo primeiro. Como o médico que faz toda sua sanitização antes de tocar no paciente, assim o xamã ou sacerdote deve primeiro limpar e purificar a si antes de partir para trabalhar as outras pessoas do grupo ou o espaço que será limpo.

É costume abanar a fumaça sobre os olhos, ouvidos, boca, mãos, coração e corpo. Algumas pessoas escolhem soprar sobre as costas, para aliviar o peso que carregamos, outros não veem isso como uma necessidade. Há quem deseje defumar também a sola dos pés, mas a ordem básica pode se resumir a: cabeça, coração, plexo (abdome), pés.

Na cabeça, devemos entender que ocorra uma purificação de nossos pensamentos, que nossos olhos se abram para a verdade, nossos ouvidos possam escutar o que precisamos e nossa boca possa falar palavras amorosas e verdadeiras. No coração, limpamos nossas emoções, para que despertemos à harmonia e equilíbrio. Os pés são abençoados para que trilhem o caminho da nossa verdade nos levando para perto dos deuses e nos afastando de nossos inimigos.

Os antigos nos ensinam que todas as cerimônias e rituais devem começar com boas intenções e um preparo adequado. Essa limpeza com a fumaça prepara nossa mente, nossas emoções e nosso espírito para entrar em um estado mental em que os processos de cura são favorecidos.  A fumaça que sobe leva consigo nossas preces.

Algumas ervas e resinas e seus usos:

Sálvia branca: era uma medicina feminina dos nativos americanos, seus presentes são a força, clareza de propósito e sabedoria. Eleva a energia do ambiente e, assim, expulsa dali tudo que seja dissonante e negativo.

Tabaco: o tabaco é usado como oferenda e agradecimento. Sua fumaça abre os portais entre os mundos.

Palo Santo: aprofunda os estados meditativos, limpa energias estagnadas, e elimina conflitos.

Breuzinho: essa resina sagrada para os povos amazônicos abre as vias aéreas respiratórias, promove estados meditativos e é purificador poderoso de ambientes pois afasta os maus espíritos.

Alecrim: cura e purificação

Alfazema: promove paz, sono e curas

Artemísia: para estimular os sentidos sutis, sonhos e profecias.

Orégano:  harmonia, tranquilidade e abertura de visão

Abacateiro: embora suas folhas não tenham um aroma especial, a queima delas energiza ambientes  e também auxilia no preparo do ambiente para a prática de necromancia ao criar uma barreira contra espíritos zombeteiros.

Defesa energética básica: ESCUDO PROTETOR

 ***Este é o terceiro e último post da série “Defesa energética básica”. Os dois primeiros falam sobre aterramento e centramento.

espaço pessoalO antropólogo americano Edward Hall[1] estudou o comportamento das pessoas com relação ao espaço pessoal, a proximidade ou distância física que mantemos uns dos outros, desenvolvendo um conceito chamado de Proxemics. A distância íntima, de acordo com o estudo, seria de uns 45 cm, e é reservada a amigos próximos, amantes ou quando se está furioso e confrontando alguém.  A distância genérica pessoal é de 45 cm até 1,20 m, a entre meros conhecidos começa em 1,20 m, e a distância pública social seria de 4 m, o que raramente experimentamos em situações urbanas e também de lazer – quem me dera estar a quatro metros do vizinho chato falando no cinema ou ter esse espaço todo só pra mim ao assistir um show.

De uma forma ou de outra, sempre sabemos quando alguém invade nosso espaço pessoal, a gente imediatamente dá um passo para trás, se possível, ou começa a ficar aflito se não tem para onde correr.

O que muita gente não se liga é que essa noção de separação física do outro tem também motivos espirituais, pois todos temos um campo energético que circunda o corpo na forma de uma esfera (na verdade é um pouco mais ovoide) e se chama comumente de Aura ou, no caso da magia cerimonial, de Esfera de Sensações. Ela permite controlar o que entra no meu campo e o que envio ou emito. Este campo forma todo nosso entorno, e é importante estar consciente da existência dele.

Função

O escudo protetor é uma forma de estabelecermos fronteiras no nosso campo energético, para que nada indesejado penetre de fora, mas é importante lembrar que ele também isola o mundo exterior da nossa energia.

Faz parte de nossas responsabilidades pessoais zelarmos por nossa proteção tanto física quanto emocional e energética. É melhor estar prevenido quando a inveja, a raiva ou intenções negativas são enviadas pra nós.

O método mais básico (e físico!) de nos fecharmos contra energias externas é cerrando os punhos e cruzando os braços e/ou pernas. Se você está levando um papo sério com alguém e, no meio da conversa, a outra pessoa cruza os braços bem cruzados, pode esquecer, ela está fechada para suas ideias; comece tudo de novo com algum outro approach. Da mesma forma que é importante nos darmos conta quando subitamente nos fechamos. Essa cruzada de braço tampa e protege o chakra chamado de “plexo solar”, que é por onde recebemos boa parte das energias do mundo, e também as críticas e julgamentos alheios que tanto nos afetam. Mas preste atenção quando, em qualquer ambiente, você, do nada, cruzar os braços. Seu corpo tem uma sabedoria muito própria e é muito sintonizado com energias externas mesmo quando nossa mente louca está só preocupada na manutenção do ego. Seu corpo está lhe avisando que há algo estranho ali e seu impulso instintivo foi de se proteger!

Porém escudo demais é um problema. Nosso escudo acaba evitando que a gente se conecte com outras pessoas, então o que começo usando por questão de segurança pode acabar no exagero e prejudicando a mim mesma. Se você usa escudo o tempo todo, avalie a quantidade de energia gasta em mantê-lo ativo e em que medida está lhe isolando até mesmo das coisas legais.

Ao longo dos anos podemos desenvolver comportamentos e posturas físicas que visam nos proteger, como nos encolhermos para não sermos notados ou ganharmos muito peso. Sim, também são formas de “escudo”, mas, como adultos, é bom analisarmos nossos padrões de comportamento em busca de formas mais adequadas e saudáveis de nos ajudar na proteção pessoal.

HumanEnergyField Essa membrana que vamos criar deve existir fora do nosso campo áurico. Nossas auras vão em média de 30 a 40 cm além do corpo físico e podem ser ainda muito maiores dependendo da circunstância. Se você estiver trabalhando com alta frequência, em estado receptivo, pós-meditação, depois de um banho de cachoeira, ou longos períodos na água, estabeleça o escudo a dois metros de distância da pele. Porém quando estamos assustados ou sofrendo por algum motivo, a aura diminui e mal ultrapassa o corpo físico, então use de bom senso e percepção para entender onde seu campo magnético está e a que distância deve formar o escudo.

Um escudo bom é um escudo esférico, nos envolvendo em *todas* as direções.

Bônus: alguns estilos de escudo funcionam como um glamour, nos destacando na multidão ou criando um espaço sagrado em situações de estresse, use-o como um círculo pessoal.

Para apresentações artísticas nem sempre é legal fechar esse escudo, pois são momentos em que precisamos estar abertos para trocar com nossos colegas de palco e com o público. Antes de se apresentar, use técnicas de aterramento e centramento, mas evite o escudo. É mais difícil se deixar afetar pela emoção (quando queremos viver essa emoção) se estivermos dentro de uma bolha.

Algumas ideias:

  • Imaginar um zíper fechando nosso meridiano central, do osso púbico até o meio do queixo.
  • Invocar o cone azul do arcanjo Miguel – maravilhoso para situações realmente graves, onde nossa adrenalina não está nem permitindo que a gente aterre ou se centre. Para mim, é equivalente a chamar a cavalaria.
  • Usar de algum truque de camuflagem ou invisibilidade.
  • Construir talismãs e amuletos – mas lembre-se que ao depender de objetos externos deixamos de exercitar nossa própria força e talento. Use com parcimônia.
  • Visualizar (e portanto construir no etérico e astral) uma parede de tijolos, transparentes ou não, para isolar a energia de alguém muito próximo fisicamente, tipo vizinho de poltrona de ônibus e de avião, funciona também para afastar moscas. Acredite.

Exercício rápido Bola de Energia:

Centre-se, chacoalhe ou esfregue as mãos para ativar o chi, forme uma bola de energia entre as mãos, deixe-a flutuando à sua frente, faça a crescer, tome de volta com as mãos, deixando-a cair sobre sua cabeça, envolvendo todo seu corpo e seu campo.

Rosa de proteção

rosas protegendo o parreiral
Rosas protegendo o parreiral na vinícola Valduga em Bento Gonçalvez, RS

A rosa é uma flor de muita beleza, mas não é nada desprotegida. Famosa por seus espinhos – presentes inclusive nos contos de fada –, elas também são usadas na produção vinícola para proteger as videiras das pragas. Há produtores de uvas que cultivam roseiras nas pontas das fileiras de parreirais. A planta é atacada antes por pragas e insetos, servindo como ‘aviso’ para evitar danos às vinhas. Da mesma forma, é possível colocar uma rosa no nosso campo magnético como um anteparo para absorver energia negativa direcionada a nós.

  1. Centre-se. Respire lenta e profundamente
  2. Na altura dos olhos e a um braço de distância, imagine uma rosa aberta 10 a 15 cm de diâmetro. Veja a cor dela.
  3. Relaxe e imagine a flor em todos os detalhes, a cor preenchendo as pétalas.
  4. Carregue essa rosa de energia magnética, para atrair todas as energias negativas direcionadas a você.
  5. Imagine o caule descendo e se alongando, como uma corda âncora da própria rosa. Essa corda vai até o centro da Terra.
  6. Comande a rosa, energizando-a, para patrulhar as fronteiras do seu espaço pessoal. Para capturar todas as energias negativas dirigidas a você;
  7. De vez em quando dê uma conferida para ver como ela anda, especialmente se estiver em um ambiente hostil. Se ela estiver “queimada”, deixe a submergir pela corda dela e construa uma nova.

O Castelo da Bela Adormecida é uma formação mais poderosa ainda, formado por  múltiplos conjuntos de rosas de proteção.


[1] Hall, Edward T. (October 1963). “A System for the Notation of Proxemic Behavior”. American Anthropologist 65

Defesa energética básica – parte 2: CENTRAMENTO

Esta é a segunda parte de uma série de três posts.

O centramento acontece em geral junto ou ao mesmo tempo em que iniciamos o processo de aterramento através das visualizações ou da respiração. É a sensação de estarmos completos, dentro do nosso corpo, presentes por inteiro no local e na situação onde estamos. A mente está tranquila e nos sentimos focados, serenos. Para um exemplo oposto disso, é só falar com alguém que acaba de tentar fazer uma reclamação para sua companhia telefônica. Depois de tratar com qualquer atendente, dificilmente qualquer um de nós consegue permanecer centrado. Por isso, o centramento tem usos muito práticos também no dia a dia.

Essa presença conectada com o interior do corpo e o próprio self acontece naturalmente quando nos conectamos e movemos nossa consciência para o centro físico na barriga ou no plexo solar. Alguém treinado precisa às vezes apenas tomar consciência de seu umbigo, e o centramento acontece. Um exemplo de centramento confiante é a modelo na passarela, essa consciência corporal absoluta é o que permite que ela projete seu senso de self para fora.

O centramento nos dá autoconfiança, assertividade, firmeza e paz interior.

Experimente diferentes técnicas e veja o que funciona melhor para você, ou faça uma atrás da outra se a situação exigir!

Meditação da árvore cósmica

 Esta meditação é ótima e ajuda também aqueles que não sabem como ancorar e centrar sua energia com propriedade.

árvore linda no Caminhos de Pedra - Bento Gonçalves, RS
árvore linda no Caminhos de Pedra – Bento Gonçalves, RS

Feche os olhos relaxe o corpo e inspire em quatro tempos. Segure por quatro. Expire devagar, também em quatro tempos. Segure os pulmões vazios por outros quatro.  Imagine que você tem raízes que saem de seus pés ou da base de sua coluna e penetram o solo. Deixe que elas desçam, atravessando todos os espaços até chegarem ao solo fértil, de lá, seguem descendo e se expandindo. Sinta o pulsar da vida nas suas raízes, deixe que suas dificuldades, suas tristezas, seu nervosismo desça por suas raízes e entregue os para a terra, para que sejam transformados no centro do planeta, que é todo de lava derretida. Deixe que essas emoções sejam transformadas.

 Puxe um pouco dessa energia nutriz da Terra e também um pouco da de fogo, sinta-a viajando, passando pelas camadas de rocha, pela energia escura e confortável do solo, pelas fontes de água subterrâneas. Inspire esse fogo já bem abrandado, puxando-o para sua barriga, logo abaixo do umbigo, na área que é conhecida como hara ou tan-tien.

 Sinta-se  enraizado, firme, sólido, como uma árvore bem plantada na terra.

Agora volte sua atenção para os ramos que vão crescer a partir do sétimo chakra no topo de sua cabeça. Sinta que eles sobem mais e mais, atravessando o que for em direção ao centro do cosmos. Sobem além das nuvens, da atmosfera terrestre, vão em busca do fogo do céu, da energia solar, lunar, e estelar. Sinta essa imensidão cósmica, busque o centro da galáxia e puxe essa energia levemente dourada para baixo, pelos seus galhos, até que penetre em seu coração.

 Funda as duas energias, a da Terra com a do cosmos, misture-as, e deixe que a mistura preencha e energize seu corpo, inspire três vezes sentindo essa energização.

O mundo superior, o inferior e o médio estão todos aqui, agora, dentro de você.

Faça mais uma inspiração recolhendo a copa da árvore, e depois outra, recolhendo suas raízes de volta ao contêiner do seu corpo.

Quando estiver pronto, abra seus olhos.

Há outras técnicas, claro, por exemplo:

  • Meditação da cor – descubra qual a cor que você vibra e que lhe identifica. Em geral são tons pastéis esses que nos trazem o bem estar. Imagine essa cor vibrando e tomando seu corpo, começando pelos pés e vá subindo devagar, fazendo seu corpo inteiro vibrar nessa mesma cor, até o último fio de cabelo.
  • Meditação do eixo – esta técnica vem da dança moderna. Minha professora Nana Shineflug da Chicago Moving Company ensinava uma técnica para os bailarinos se prepararem para a dança, afinal bailarinos precisam estar mega centrados, pois consciência corporal é tudo no trabalho deles, não sei se ela sabia que a técnica tem usos mágicos, mas descobri que é um ótimo meio físico e muito imediato de alinhar todas as suas partes e seus corpos. Imagine no centro do seu corpo um eixo, como um bastão sólido que vai do topo da cabeça até os pés, passando pelo períneo. Sinta esse eixo. Agora sinta como se seu corpo inteiro “abraçasse”, apertasse esse eixo. Pronto.

No próximo post, a terceira e última parte desta sequência: técnicas de escudo energético.

 

Eu em uma floresta de cedros, no Atlas Médio, Marrocos.
Eu em uma floresta de cedros, no Atlas Médio, Marrocos.

Defesa energética básica – parte 1: ATERRAMENTO

Nossa primeira linha de defesa energética, tanto para nosso dia a dia quanto para cada uma de nossas atividades mágicas, reside nas técnicas básicas de aterramento (grounding), centramento (centering) e escudo (shielding).

**Dei um workshop prático com esse tema ao final de 2013, em São Paulo, e vou apresentar aqui, em três posts, um resumo do que trabalhamos no encontro.

Aqui a palavra “básica” é usada no sentido mais de “fundamental” do que de nível de complexidade, já que as técnicas e visualizações vão se tornando mais e mais eficazes a medida que o praticante têm mais experiência e habilidade mágica.

Independente de praticarmos artes mágicas ou não, todos temos momentos na vida em que precisamos de foco e concentração: uma entrevista de emprego, uma apresentação importante, prestando um concurso ou exame, ou uma conversa séria sobre algum assunto delicado. Se prestarmos atenção, cada um tem seus métodos e pequenos rituais – às vezes aliados a preces e objetos de sorte – de se preparar para esses momentos, para atingir essa concentração necessária, evitando que algo externo nos faça perder o rebolado.

Desde o primeiro momento em que somos apresentados às primeiras técnicas para a magia ou meditação, fica claro o quanto os instantes preparatórios fazem toda a diferença para a qualidade do trabalho ou da experiência que vem a seguir. Quem nunca ouviu uma sacerdotisa ou um facilitador pedindo para “fechar os olhos e respirar devagar e profundamente”? Essa é uma técnica de aterramento e centramento, pois nos ancora de volta no corpo, nos trazendo ao instante presente e acalmando a nossa energia, deixando de lado todas as vibrações mentais e caóticas que não têm lugar ali.

Essas técnicas são preparatórias para meditação, trabalhos de cura, leituras oraculares, trabalho com pêndulo, psicometria, rituais e feitiços. E também são muito úteis na nossa vida mundana, ótimas para utilizarmos quando estamos nos sentindo esquisitos em algum ambiente, quando estamos nervosos (alguém disse TPM?), em contato com muita gente estressada (fila de banco, ônibus lotado) ou como ajuda para manter concentração e foco antes de alguma atividade que exija nossa melhor performance.

ATERRAMENTO – ÂNCORA- GROUNDINGP1000840 (480x640)

 É a ativação do nosso “fio terra”, para que nossos corpos físicos e energéticos se mantenham estabilizados durante nossas atividades e para ajudar a processarmos as vivências astrais, retornando ao nosso corpo físico com harmonia e liberando para a terra o excesso de correntes que podem inclusive ser nocivas para nosso sistema. Em alguns casos, também pode ser visto como um partilhar, uma oferenda desse “boost” extra de energia que passamos para o local onde estamos ou o planeta.

Quando envolvidos em trabalhos espirituais podemos sofrer uma série de desconfortos físicos ou energéticos, como tontura, cabeça pesada, ficar zonzo, aéreo, desorientado, confuso, sentindo certas partes do corpo mais pesadas do que as outras, sofrer alteração de temperatura, etc. Essas técnicas equilibram o corpo, fazendo com que a gente se sinta mais seguro, firme, alinhado e apoiado pelo universo.

Vivemos em um corpo físico em um mundo físico, isso é uma riqueza! Fazer um “aterramento” firma nossa presença no corpo e no momento presente, para que outros corpos sutis possam alçar voo sem correr riscos.

Esse sentimento de estabilidade vem da nossa conexão com a Terra e o chão. Se não estivermos aterrados, é fácil girar fora do eixo, entrando em processos de hiperatividade e perdendo quantidades imensas de energia além de permitir que vibrações ou entidades indesejadas façam uso da nossa falta de cuidado com nós mesmos.

O trabalho espiritual deve ter como objetivo que nos sintamos bem, caso estejamos nos sentindo mal, ou esquisitos, estamos vazando energia ou lidando com uma sobrecarga para a qual não estamos preparados.

 Algumas técnicas

 Conectar-se com o mundo tangível do corpo e da realidade concreta imediatamente faz esse “fio terra”.

  •  Respiração diafragmática
  • Respiração 4 X 4 (inspira, segura, expira, segura – cada um em quatro tempos)
  • Deitar de barriga na terra
  • Tocar o chão
  • Segurar alguma pedra na mão
  • Fazer tarefas bem mundanas como lavar louça, cortar grama, cozinhar, limpar a casa (muitos ritualistas sentem necessidade de fazer algo assim depois de facilitar um trabalho poderoso).
  • Segurar uma turmalina
  • Comer chocolate (olha que desculpa incrível para ter sempre um bombom na bolsa!).
  • Comer – nada como essa atividade prazerosa para nos jogar de volta ao corpo na hora.
  • Visualizar suas raízes penetrando e se firmando na terra, buscando energia estável do solo e passando para a terra energias confusas ou excessivas.

Exercício Corda Âncora

  1. Sente-se bem aprumado em uma cadeira, com os pés tocando o chão e a coluna reta.
  2. Respire devagar e profundamente. Respiração diafragmática.
  3. Feche os olhos e imagine uma bola de luz verde girando de uns 10 a 15 cm de diâmetro, no seu chakra cardíaco.
  4. Deixe que um tentáculo, um fio de luz, desça suavemente pelo seu corpo e passando para as profundezas da Terra até o centro do planeta, formando uma corda âncora para você.
  5. Permita que a ponta do fio se funda com o centro da Terra e se firme.
  6. Puxe um pouco dessa energia de volta até seu peito e enrole a energia, conectando-a ao seu quarto chakra – o cardíaco.  (ela vai fazer um tipo de “clique” quando se ajustar ali).
  7. Verifique se a corda está bem conectada ao chakra e que não haja nenhuma obstrução ou rompimento entre seu centro e o centro da Terra.
  8. Faça com que a energia da corda no seu peito se amplie para a largura dos ombros, ou até mais larga de estiver planejando limpar a aura.
  9. Dê permissão a seu corpo para se livrar de qualquer energia em excesso ou desnecessária através dessa corda. Mande para baixo, liberando na Terra e vendo essa energia ser absorvida ou transmutada no coração do planeta mãe.
  10. Lembre-se que de agora em diante, sua âncora vai continuar operando, ajustando seu corpo na frequência planetária e sempre permitindo que seu corpo libere energias desnecessárias ou em desacordo através da sua vontade.
  11. Quando terminar, toque com as mãos no chão ou em algum objeto sólido para se reconectar com a superfície e o seu corpo, inspire profundamente, então levante e alongue-se.

No próximo post, técnicas de centramento.

Espelho, espelho meu

O uso do espelho negro

Comprei meu espelho mágico anos atrás numa lojinha metafísica no interior de Illinois. Confesso que comprei mais por achar que era uma ferramenta misteriosa e chique de constar no arsenal de uma boa bruxa do que por estar decidida a penetrar nos mistérios da vidência.

O uso de superfícies reflexivas em busca de visões é uma prática muito antiga de clarividência. A mais conhecida delas é a bola de cristal, que em geral é retratada como sendo de cristal transparente, quando na verdade uma pedra escura seria muito mais indutora e convidativa para quem está começando.

Na literatura – lembro muito de Brumas de Avalon – é comum a imagem de mulheres que têm visões na água, quando estão na beira de um poço, de um lago ou olham para dentro de uma tina.

O transe que induz visões é muito fácil de acontecer quando se está no processo de uma tarefa meticulosa e repetitiva: costurar, desenhar, arear panelas, esfregar roupas e bater manteiga são alguns exemplos. Damos abertura a outro sentir quando temos a mente focada em algo muito específico. Não estou falando de devaneios, estou me referindo mesmo a uma espécie de transe que acontece, e as pessoas muitas vezes nem percebem. Várias vezes aconteceu de eu estar lavando louça e, do nada, me vir a lembrança de alguém. Se o telefone não tocasse em seguida e fosse a própria criatura, bastava eu mesma discar o número e, batata, ela ficava assombrada porque estava justamente querendo falar comigo ou precisava de uma ajuda, e eu ligara na hora certa.

Eu *tentando* aprender a fiar com a fabulosa Rowan.

Assim também lembro de Morgana Le Fay, nas Brumas, enxergando o futuro quando se punha a fiar. O ato de fiar com rocas é muito usado em contos de fada e, além de remeter às fiandeiras do destino, as três Norns, é mais uma atividade doméstica que induz facilmente ao transe e à clarividência.

Voltando ao espelho, faz uns quatro meses que decidi finalmente encará-lo e fazer algumas experiências. As recomendações são sempre simples: coloque o espelho em um ângulo onde não enxergue seu próprio reflexo, de preferência escureça a sala e deixe apenas uma vela acesa um pouco distante, relaxe o olhar como se mergulhasse numa tigela de água e espere as imagens começarem a se formar. Nada fácil. Arrumar o cenário é tranquilo, agora, começar a entender e enxergar as tais imagens exige uma preparação e uma abertura.

Tem gente (ainda mais no Brasil, onde a mediunidade é overrated) que vive naturalmente no sexto chakra e não tem a menor dificuldade em enxergar qualquer coisa. Porém, para quem tem mais talento com outras sensibilidades, descobri que quanto mais experiência você tiver com exercícios óticos preparatórios e lançar mão do uso de tattwas para abrir a visão, melhor.

Franz Bardon, em seu popular – e ótimo – Magia Prática, o caminho do adepto dá algumas sugestões de uso do espelho. Quem usa com propriedade os instrumentos de cada elemento vai perceber que várias finalidades são compartilhadas com o pentáculo, já que esses dois são bastante similares e, por vezes, intercambiáveis.

Algumas das possibilidades de emprego do espelho negro:

1. Em todos os trabalhos de imaginação que exigem exercícios óticos.

2. Em todos os carregamentos de energias, de fluidos, etc.

3. Como portal de passagem a todos os planos.

4. Como meio de ligação com pessoas vivas ou falecidas.

5. Como meio auxiliar de contato com energias, entidades, etc.

6. Como irradiador em impregnações de ambientes, tratamento de doentes, etc.

7. Como meio de influência em si mesmo ou em outras pessoas.

8. Como emissor e receptor mágico.

9. Como instrumento de proteção contra influências prejudiciais e indesejadas.

10. Como instrumento de projeção de todas as energias a imagens desejadas.

11. Como instrumento de visão à distância.

12. Como meio auxiliar de pesquisa do presente, do passado a do futuro.

Numa das primeiras vezes, arrisquei substituir o espelho por uma panela de barro cheia d’água. Foi ótimo. Pois a panela é escura, a água colabora com suas propriedades e posso contar com a minha intimidade com as panelas, por ser uma bruxa de cozinha.

As imagens podem aparecer soltas na superfície mesmo ou, por vezes, reparei que  acabam se formando em frente aos seus olhos em algum lugar intermediário entre a mente e a superfície reluzente. Podem ocorrer também na forma de alucinações completas, como uma jornada onde o vidente é levado para outro reino onde encontra seres e também suas respostas. O espelho também é muito usado para invocar entidades (de arcanjos a demônios, passando pelos chamados Espíritos Olímpicos) e às vezes, mesmo sem invocação nenhuma, podemos dar de cara com uma entidade olhando diretamente para nós através deste portal.

Você pode consagrar seu espelho, pode aumentar o poder dele através de feitiços ou da adição de um condensador fluídico. Para ajudar na abertura da visão vale usar incensos, óleos, chás e condensadores específicos também. Descobri que o próprio colírio de Euphrasia Officinalis da Almeida Prado também dá uma ajuda e tanto, já que erva eufrásia é a famosa eyebright, praticamente impossível de encontrar por aqui.

Há quem diga que deixar outras pessoas manusearem seu espelho pode influenciar suas visões. Talvez seja mesmo ok resguardá-lo, mas e como fazer no caso de quem usa uma panela da cozinha? As bruxas da idade média usavam muito os utensílios domésticos, faca, vassoura, caldeirão… pela facilidade de acesso e por não chamarem a atenção. E é mais difícil ter controle de uso desses utensílios corriqueiros. Acho que se a panela for em geral manuseada por mim, o fato de ela cozinhar delícias para as pessoas queridas também pode muito bem adicionar ao seu poder visionário, por que não?

E você? Tem alguma experiência com espelhos negros? Compartilhe!