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A importância e a coragem de se fazer a pergunta certa

A bruxaria pode ser muito terapêutica, pois nos faz repensar e trabalhar internamente as modéstias, pudores e questões de autoestima que nos são inculcados pela sociedade na qual crescemos, sentimentos que muitas vezes levamos e preservamos vida afora sem qualquer motivo válido.

Por exemplo, somos ensinados que é feio pedir presente, não se deve dizer o que se quer, não devemos demonstrar nossa vontade porque não é educado. Isso é ainda mais enfatizado se você nascer menina. Eu aprendi isso aos 7 anos quando respondi, toda faceira, à minha tia avó Maria Dulce que eu queria uma boneca Susi de patins. Minha mãe só faltou se esconder de vergonha e depois me ensinou que isso não se faz que, quando alguém nos pergunta o que a gente quer ganhar, o certo e bonito é dizer: “–Qualquer coisa”. Isso é reforçado inúmeras vezes ao longo da vida, culminando no desespero de responder à temida pergunta de qual o salário pretendido para um cargo que estamos tentando, ou na hora de colocar preço nos nossos serviços.

Claro que isso não é exclusivo das mulheres, mas é epidêmico entre nós sem dúvida. Imbui a crença de que não merecemos lá grande coisa e qualquer migalha que o universo mandar tá bom, porque é a parte que nos cabe deste latifúndio, já que somos ensinadas que é o outro quem decide nosso valor. A humildade e culpa católicas também contribuem para isso, lógico.

E isso precisa ser curado, e a bruxaria é maravilhosa porque ela nos faz bancar nossos quereres, nos faz bancar nossas vontades e ousar pedir até mais. E a forma, as palavras exatas que usamos para pedir são fundamentais, pois as palavras usadas na pergunta ao oráculo ou a frase usada para o encantamento vão determinar o que teremos como resposta.

O exemplo histórico mais famoso é o de Creso, último rei da Lídia que, antes de enfrentar as forças persas do rei Ciro o Grande, mandou consultar o oráculo de Delphos para saber o resultado da batalha. O oráculo respondeu que se Creso cruzasse o rio Hális, destruiria um grande império. Ele se alegrou muito com essas palavras e instigou a guerra que, ironicamente, destruiu o império dele próprio.

Uma resposta também pode facilmente ser mal interpretada, mas o problema maior já começa quando não temos certeza ou coragem para formular a pergunta ou formulamos mal. Isso vale para consultas oraculares e vale para jornadas ou contatos espirituais de toda sorte, pois o plano espiritual vai responder à pergunta tal qual foi enunciada.

Por exemplo, se estou usando o baralho Lenormand, e alguém quer saber o que vai acontecer com o câncer de seu pai, e a resposta que sai é a árvore – um símbolo de viço e saúde – a tendência é interpretar como o pai se recuperando plenamente e restabelecendo sua força. Mas a pergunta não foi sobre como ficaria o paciente, a pergunta foi sobre o que ocorreria com o câncer. Então, se eu preciso me basear na pergunta, a resposta desoladora aqui é que o câncer vai muito bem obrigado, seguirá firme e forte. Para saber do futuro da doença em si, o desejável são cartas que indiquem a aniquilação e enfraquecimento dessa doença. Se pergunto sobre o paciente, aí sim, quero ver as cartas de vitalidade e vigor, embora claro, essas respostas muitas vezes não sejam as que recebemos.

Outro exemplo: digamos que deseje aumentar o número de clientes para meus atendimentos com tarô porém, por algum receio ou pudor, tenho bloqueio em formular exatamente essa pergunta para uma jornada ao plano astral. Se algo no meu inconsciente se sente desconfortável em ligar a ideia do dinheiro com meu trabalho ou não se sente merecedor de verdadeira prosperidade, enfim, acredita que é “feio pedir o que quero ganhar”, posso fazer rodeios e acabar perguntando sobre modos de trabalhar melhor como taróloga. E os espíritos vão me responder, e vão me responder lindamente dando dicas e ensinamentos de como atuar melhor prestando esse serviço, me conectando com os símbolos, indicando estudos que tenho a fazer, preparos necessários, etc… Mas não vão me responder como atrair mais clientes, pois não foi o que perguntei. E eu não tenho direito de me queixar, pois quem fez a pergunta enviesada fui eu.

Ou seja, formular uma pergunta que revela nosso real desejo exige um nível de autoconhecimento, assertividade, segurança e cara de pau.

O mesmo é exigido para eu formular o intento de um feitiço. Se formular algo meia-boca, titubeando, patinando em volta do tema real em vez de ser direta para atrair ou repelir o que realmente desejo, vai dar meleca.

Portanto, segue a minha dica, se você sofre com insegurança, pergunte sobre isso, peça auxílio do plano astral e dos oráculos para te mostrar como superar, como ser uma pessoa mais segura, com maior autoestima e assertividade. Trabalhe magicamente para se sentir merecedor e merecedora de coisas boas.  Faça isso primeiro. E, só mais adiante, já com segurança e com a cara trabalhada no óleo de peroba, faça, com gosto, as perguntas que precisam ser feitas.

p.s. Minha tia Dulce era uma pessoa muito maravilhosa, e eu ganhei a Suzy de patins. 🙂

Abrindo seu potencial de visão

Semana que vem vou me reunir com apaixonados, aficionados, estudiosos, aprendizes e mestres de Tarot na 3a Confraria Brasileira de Tarot em São Paulo. Como parte do evento, vou dar este workshop totalmente prático. Venha sem medo. 

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“Um workshop 100% prático, onde você vai ampliar as possibilidades de relacionamento com as cartas e passar a usá-las como uma ferramenta para abrir sua visão e potencial intuitivo.”

Petrucia Finkler tem quase trinta anos de experiência em artes divinatórias, é praticante de bruxaria tradicional com linhagem europeia e norte-americana, é apaixonada por magia extática e não resiste a um bom ritual. Junto com Pietra di Chiaro Luna facilita uma roda mensal para mulheres em São Paulo.

Serviço:

3ª Confraria Brasileira de Tarot – 19 a 21 de julho, 2013

Workshop: Perdendo o medo das cartas

Sábado, 20 de julho
Das 15h30 às 17h.
Faces da Lua: Rua Colônia da Glória, 414 – Vila Mariana – São Paulo